domingo, 14 de junho de 2009

As mudanças nas formas do trabalho humano

O homem começou sua história no curso de sua existência buscando a sobrevivência. A partir de isto, ele passa a usufruir e transformar a natureza em seu benefício, de tal forma que humaniza sua própria natureza, ou seja, ela a modifica.
No início de sua existência a palavra trabalho tem o significado etimológico, e vindo do latim triapaliare e de substantivo tripalium que é um aparelho de tortura, que servia para prender escravos e animais arredios.
Na Revolução Neolítica o homem, passou a utilizar os animais e o pastoreio para sua auto-sustentação além de que nesta época o comércio floresceu, paralelamente com o surgimento das cidades, como atividade humana. No decorrer da história da humanidade houve várias transformações no fluxo das atividades. O artesanato e a manufatura como formas de obtenção de lucro apareceram para atingir o objetivo maior: unir as sociedades através da troca de mercadorias, chamada de escambo.
Para os gregos e os romanos, segundo ARRUDA & MARTINS (2003), o trabalho manual não era digno, sendo realizado apenas pelos escravos. Já para o cidadão grego cabia o chamado ócio, que significa tempo livre, não se preocupar com a sua subsistência, preparar o corpo e o espírito, e para os romanos, trabalho significa negócio (negar o ócio).
No século XVIII, ocorreu um fato que abalou as formas manuais de trabalho, eclodiu a Revolução Industrial na Inglaterra, uma nova forma de trabalho, agora mecanizado, que fez com que fenômenos como o êxodo rural e o aglomerado de pessoas nas cidades fossem possíveis. Se na manufatura e no trabalho artesanal o trabalhador usava suas ferramentas, nas fábricas ele passou a ser o criado das máquinas, seguindo seus movimentos e transformando-se em extensões vivas do maquinário. Marx caracterizava esse fato como “esterilidade intelectual”, “degradação física e intelectual”, “reconversão do seres humanos imaturos em máquinas para obtenção de mais-valia”, e afirmava que todo esse processo resultava em uma situação na qual “o trabalhador existe em função da saúde do processo de produção, e não o processo de produção em função da saúde do trabalhador”. O russo I. Kudriavtsev achava que a contradição entre trabalho físico e intelectual era um fenômeno histórico e que ela havia surgido com a divisão da sociedade em classes, concordando então com o que já havia sido observado tanto por Engels quanto por Veblen (que não eram comunistas). O progresso técnico gerado nesse período de grande metamorfose na história humana fez com que a força física até então utilizada para gerar empregos fosse substituída pela capacidade intelectual. A matéria intelectual – conhecimento, informação, propriedade intelectual, experiência – têm sido as palavras chaves da era informacional das sociedades. Hoje não é mais relevante ter apenas habilidade física, mas também a capacidade ágil de pensar e executar ideias. O fato é que cada vez mais o conhecimento e a informação estão ocupando um papel central na geração de riquezas das sociedades. O trabalho intelectual representa, nesse sentido, o substrato de geração de riquezas no mundo atual, pois não se funda apenas em grandes invenções tecnológicas, mas, sobretudo, no aproveitamento das idéias e criações, sob uma forma coerente. Contudo, o estágio no qual vivemos, com suas exigências sobre nossos meios e condições de subsistência, requer que tenhamos o trabalho como fonte. A tecnologia tem atuado no sentido de viabilizar mais conforto e melhores condições de vida ao mesmo tempo em que reduziu postos de trabalho, tendo o desemprego como um de seus mais notáveis subprodutos. O trabalho intelectual ao mesmo tempo em que inovou as relações das sociedades e garantiu maior acesso as novas formas de aquisição de capital, fez com que um fenômeno designado “exclusão digital”, pois o computador é a principal ferramenta dessa fase histórica, fosse gerado, porque, trabalhadores que não têm acesso aos novos meios e as novas informações são colocados a parte na sociedade.

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